Presente de grego

Se tem uma coisa nesse mundo que a gente precisa tomar cuidado, é presente. Presente  é uma coisa pessoal, íntima. Tanto para quem dá, quanto para quem recebe.

Eu me lembro como se fosse hoje, por exemplo, de um presente que eu dei para uma garota, quando eu tinha aí, por volta dos dez anos de idade. A garota, cujo nome me escapa (Paula? Angélica?), alvo talvez dos meu primeiros e ainda misteriosos descaminhos hormonais, era uma loirinha requisitadíssima na escola, tanto pelos bando mais atlético dos meninos quanto pelas meninas mais “descoladas”.

Ainda sem experiência no ramo da conquista, ingenuamente arrisquei-me a, anexo ao pequeno pacote de bombons sabor cereja, enviar, junto ao presente de aniversário, alguns versos de minha autoria que, desde aquela época, já tentava infrutiferamente algum sucesso no ramo da literatura. O verso?

“Doces para um doce.”.

Bem, nem é preciso dizer que, na segunda-feira pós-aniversário da loirinha (Beth? Ana Clara?), todos os marmanjos da escola passavam a mão na minha cabeça dizendo “mas que doce…” ou “quer ver o melhor doce do mundo? Aqui, ó!” e outras expressões menos elegantes referentes ao mundo das guloseimas e comilanças.

Presente não é coisa que se brinque. A menos, é claro, que ele seja um supercarrinho de controle remoto, capaz de fazer loopings a 60km/h em 3D numa pista do circuito de Mônaco, como o que ganhou meu sobrinho no último natal.

Isso para você não passar por um vexame semelhante ao que passou um amigo meu, o Orlando, um ilustrador famoso lá pelas bandas da Capital. Ao saber que eu andava meio adoentado, e sem saber exatamente o que eu tinha, veio me fazer um visita, trazendo consigo um presente, preparado carinhosamnte por Cecília, sua esposa. Quando desembrulhei, topei com um vidro de pimenta-dedo-de-moça e um litro de licor de jabuticaba, ambos frutos da produção caseira de seu sítio. Justo para mim, que acabara de dar entrada na papelada para um transplante de fígado, e cuja inflamação nas hemorróidas andava me impedindo até de me sentar.

Para a Cecília, aviso que, quem experimentou, achou tudo uma delícia. Mas, para o Orlando… bem. Da próxima vez, vê se dá uma pesquisada antes de dar um presente, tá?

(a ilustra dessa crônica foi um PRESENTE do grande amigo quase irmåo, Custódio Rosa Filho)

postado do tablet transformer

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Uma resposta

  1. mto bommmmm…kkkkkkkkkkk.AINDA BEM QUE SEU FIGADO ACEITA SER AQUECIDO POR UMA CAMISETA…TE AMO LILÃO.

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